quinta-feira, 5 de julho de 2018

RETÓRICA POLÍTICA, RELIGIÃO E CLASSES SOCIAIS
Estudando as religiões no Brasil há quase 40 anos, pude constatar que um pequeno número dos denominados crentes ou evangélicos têm maior habilidade para falar em público, participar de discussões, liderar grupos e geri-los. Não falo de todos, mas apenas daqueles poucos cujas congregações exigem um envolvimento maior na condução da administração eclesial. É um aprendizado prático, leia-se socialização política, da convivência democrática, assinalado inclusive pelos hoje rejeitados 
clássicos da Ciência Política norte-americana, como Almond & Verba, Lipset, Dall, entre tantos outros. Até aqui só pude observar essa diferença na membresia das igrejas evangélicas tradicionais. É bem verdade que, nos idos do início da década de 1960, houve lideranças de camponeses empenhados na luta pela reforma agrária, sobretudo no Maranhão e Piauí, oriundos de denominações pentecostais, mas as clássicas. Sobrevindo o golpe de 64, eles terminaram, depois de passarem pela máquina da repressão policial-militar, voltando à sua fé, onde eram como que rebatizados, como se adeptos novos fossem.
Muito interessante observar que, no mesmo contexto social de exclusão, a tônica da discussão margeia o mundo da retórica futebolística, emoldurando as intervenções das torcidas. Noto que essa forma de argumentação transcende o "campo" das classes empobrecidas para dominar a classe média. Sou docente de universidade pública e venho trabalhando com estudantes de direito há 15 anos, aqui na Bahia. Em Brasília, onde comecei, não é diferente.

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