sábado, 28 de maio de 2016

OS JORNAZISTAS
Uma das características do conhecimento científico consiste na sua intersubjetividade. Até o mais modesto dos cientistas dirige seu discurso à comunidade formada por seus colegas, para que estes possam criticá-lo. Eis aí um dos importantes papéis da academia.
Hoje, no Brasil, parece que as teorias nas ciências sociais passaram a estar expostas ao crivo de profissionais que, nas suas folhas e gazetas, sempre se dedicaram ao mundo do fait-divers, não dispondo de lastro intelectual para fazer pensar sobre os conhecimentos em que muito recentemente ingressaram, inclusive porque não trilharam os ásperos caminhos acadêmicos para tanto exigidos. Alguns chafurdaram nas uniesquinas, unipadarias e unibares de S. Paulo, que aplicam o modelo 100, ou seja, sem pesquisa, sem extensão, docentes sem qualificação. Só poderia dar nesse FEBEAPÁ. Outros, pasmem, sequer completaram sua formação no ensino fundamental. Não obstante, ainda há os publicitários de má-fé, regiamente pagos pelos potentados da Avenida Paulista, a compará-los com Carlos Lacerda, Gustavo Corção, entre outros, o que é um sacrilégio. O primeiro, leitor voraz, legou sua imensa biblioteca à UnB. Estão lá seus livros cheios de cotas a lápis ou a caneta, revelando um incessante e profícuo labor intelectual (cheguei a consultar um daqueles volumes) manifestado em seus discursos. Pior é que muitos dão crédito a esses propagandistas do nada. 
Com espanto leio que o neologismo esquerdopata, cunhado por um desses murídeos de jornais paulistanos, anda na boca de muitos dos consumidores daqueles lixos da imprensa. Curioso é que os autores sequer desconfiam do significado político do que seja esquerda. Remeto-os, autores e leitores, ao livro Direita e Esquerde: razões e significados de uma distinção política, publicado pela editora de uma velha e boa universidade pública, a UNESP

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